Após uma aventura divertida, chegou a hora de nos despedirmos de Goku e seus amigos

Dragon Ball Daima representa um marco significativo dentro da trajetória de Akira Toriyama. Pela primeira vez, o autor teve liberdade total para desenvolver uma série curta dentro do universo Dragon Ball, sem as pressões editoriais e comerciais que acompanharam sua obra por décadas.

Com apenas 20 episódios, a animação se propõe a condensar a essência da franquia, oferecendo uma combinação equilibrada de aventura, humor e combates épicos.

Desde seu anúncio, Daima despertou curiosidade e questionamentos entre os fãs. A escolha de transformar Goku, Vegeta e os Guerreiros Z em crianças gerou comparações imediatas com Dragon Ball GT, um anime que, apesar de controverso, explorou uma proposta semelhante.

No entanto, enquanto GT apostava em uma narrativa mais séria e no conceito de viagem pelo espaço, Daima segue um caminho próprio, resgatando elementos clássicos da franquia e introduzindo novidades que enriquecem a mitologia do universo Dragon Ball.

Enredo: Nostalgia e novidades em perfeito equilíbrio

Análise | Dragon Ball Daima: A despedida definitiva de Akira Toriyama
Imagem: Toei Animation

A trama de Dragon Ball Daima se inicia com os Guerreiros Z sendo transformados em crianças por uma misteriosa força vinculada ao vilão Gomah. Para desfazer esse feitiço e restaurar suas formas originais, Goku e seus amigos embarcam em uma jornada por novos mundos, enfrentando inimigos inéditos e redescobrindo desafios que remetem aos primórdios da franquia. Essa premissa, embora traga um toque de familiaridade, logo se diferencia ao explorar ambientes exóticos e personagens nunca antes vistos.

Um dos grandes acertos da série está na maneira como equilibra nostalgia e inovação. A busca pelas Esferas do Dragão, um dos pilares de Dragon Ball, volta a ter protagonismo, resgatando o senso de exploração e descoberta que marcou o início da obra de Toriyama. Ao mesmo tempo, Daima não se prende apenas ao passado. A introdução de vilões e aliados inéditos, além da estrutura episódica que permite narrativas independentes, confere um dinamismo que mantém o público engajado.

A Narrativa Episódica e a Liberdade Criativa

Análise | Dragon Ball Daima: A despedida definitiva de Akira Toriyama
Imagem: Toei Animation

Ao contrário de outras séries da franquia, que seguem um formato linear com arcos extensos, Daima aposta em episódios que funcionam quase como pequenas aventuras fechadas. Um exemplo marcante é o episódio 13, no qual Goku e seus amigos ficam presos em um planeta habitado por gigantes. Essa abordagem dá à série um ritmo mais ágil, permitindo a introdução de cenários variados e desafios diferentes a cada capítulo.

Outro aspecto que enriquece a narrativa é a presença de Neva, um mago excêntrico que desempenha um papel crucial na história. Diferente dos antagonistas tradicionais da franquia, que muitas vezes seguem a fórmula do “vilão extremamente poderoso que precisa ser derrotado”, Neva traz um toque de imprevisibilidade à trama. Suas motivações e poderes fazem com que os protagonistas enfrentem situações fora do convencional, adicionando camadas de mistério e surpresa ao desenrolar da história.

No entanto, essa liberdade criativa também tem seus custos. Por priorizar a emoção e a aventura em detrimento da lógica, Daima apresenta algumas inconsistências cronológicas que podem gerar dúvidas entre os fãs mais atentos. Elementos da mitologia de Dragon Ball são reinterpretados ou ignorados para que a história funcione de maneira mais fluida. Esse detalhe, porém, não compromete a experiência geral, já que a proposta do anime é muito mais voltada ao entretenimento do que à construção de uma linha do tempo rigorosa.

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Animação e aspectos técnicos

Análise | Dragon Ball Daima: A despedida definitiva de Akira Toriyama
Imagem: Toei Animation

No quesito técnico, Dragon Ball Daima se beneficia de seu formato enxuto. Com apenas 20 episódios, a equipe de produção pôde se concentrar na qualidade da animação, resultando em cenas de luta fluidas e bem coreografadas. A estética visual, que combina técnicas modernas com um design de personagens mais próximo ao estilo clássico de Toriyama, contribui para a identidade única da série.

Essa melhora na animação é especialmente notável quando comparada a Dragon Ball Super, que sofreu com quedas de qualidade em vários momentos, principalmente em seus primeiros episódios. Daima, por outro lado, exibe uma consistência visual que reforça a imersão do espectador. As batalhas são dinâmicas, os efeitos de energia são vibrantes e as expressões dos personagens capturam bem o espírito da franquia.

Por outro lado, a escolha de um elenco reduzido limita a participação de personagens icônicos. Gohan, por exemplo, tem uma presença praticamente nula na trama, o que pode decepcionar fãs que esperavam um maior desenvolvimento de outros Guerreiros Z. Ainda assim, essa decisão narrativa permite que a história se mantenha focada e evite dispersões desnecessárias.

Um Adeus à Altura do Legado de Toriyama

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Imagem: Toei Animation

Dragon Ball Daima pode não ser um dos pontos mais grandiosos da franquia, mas seu valor simbólico é imensurável. A série foi ao ar quase um ano após a morte de Akira Toriyama, tornando-se uma despedida apropriada para um dos maiores mestres dos mangás. Mais do que apenas um novo capítulo de Dragon Ball, Daima representa um tributo ao legado do autor, resgatando a essência de sua obra e oferecendo aos fãs uma última aventura carregada de nostalgia e emoção.

Livre das pressões externas que marcaram sua carreira, Toriyama escolheu encerrar sua jornada com uma história que remete às origens de sua criação mais famosa. Ao priorizar a diversão, o humor e a sensação de descoberta, Daima não apenas honra o espírito de Dragon Ball, mas também reforça a importância de Akira Toriyama no cenário dos mangás e animes. Seu impacto continuará vivo, e essa série se torna um presente final para aqueles que acompanharam sua obra ao longo das décadas.

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