Keep rollin’, rollin’, rollin’, rollin’
A Netflix lançou sua aguardada adaptação animada de Devil May Cry, sob a direção de Adi Shankar, conhecido por seu trabalho elogiado em Castlevania. A série entrega uma experiência fiel ao universo dos jogos, com lutas intensas, personagens carismáticos e uma estética marcante. Sem grandes reflexões filosóficas, a produção foca no que o público mais espera: pancadaria estilizada contra demônios.
Desde os primeiros minutos, a animação mostra a que veio. O episódio de estreia introduz um coelho demoníaco como o vilão principal da temporada, uma figura grotesca que assassina ladrões e rouba a lendária espada de Sparda. Em seguida, Dante entra em cena com sua irreverência característica, enfrentando os inimigos com o estilo de combate estilizado que consagrou a franquia.
Apesar do tom fiel ao jogo, a ausência de Reuben Langdon, dublador de Dante desde Devil May Cry 3, é notável. Em seu lugar, Johnny Yong Bosch assume o papel e entrega uma atuação sólida, mesmo que sem o mesmo impacto icônico da voz original.
Liberdades criativas moldam a nova narrativa

A série toma diversas liberdades em relação ao cânone dos jogos. O enredo apresenta um vilão que precisa de um amuleto carregado por Dante para abrir um portal entre o mundo humano e o inferno. Inicialmente, o protagonista apenas busca proteger o colar, uma lembrança de sua mãe. No entanto, ele logo se vê envolvido em uma missão para impedir a invasão demoníaca.
Além disso, Lady (introduzida como Mary) ganha um papel central. Agora integrante da organização governamental DARKCOM, sob o comando do vice-presidente dos EUA, a personagem acrescenta uma camada política e conspiratória à trama, elevando o nível de complexidade narrativa.
Visualmente, Devil May Cry entrega combates impactantes, com animação fluida e direção de arte estilizada. Embora alguns momentos mais calmos apresentem queda na qualidade visual, o resultado geral é positivo.
A trilha sonora também se destaca, mas adota uma abordagem diferente dos jogos. Em vez do metal agressivo tradicional, a animação aposta no nu metal dos anos 2000, com referências sonoras que remetem a bandas como Limp Bizkit e Evanescence. A escolha reforça o clima sombrio e rebelde da série.
Um dos momentos mais esperados pelos fãs, a transformação de Dante no modo Devil Trigger, acaba sendo anticlimático. A cena falha em capturar a grandiosidade esperada, com uma trilha sonora mal aproveitada e um design visual pouco inspirado.
Vale a pena assistir Devil May Cry?

Mesmo com algumas falhas, a animação se destaca ao explorar emocionalmente o mundo dos demônios, conhecido como Makai. A série humaniza essas criaturas e adiciona camadas dramáticas ao universo de Devil May Cry, proporcionando momentos de empatia e reflexão. Um dos episódios mais marcantes da temporada foca justamente no lado trágico dos makaianos, enriquecendo a narrativa.
A série animada Devil May Cry da Netflix é uma adaptação corajosa e estilosa, que arrisca ao reinterpretar personagens e elementos clássicos do universo dos games. Assim como o spin-off DmC dividiu opiniões, essa nova abordagem pode gerar controvérsia entre os fãs mais conservadores. No entanto, para quem busca ação eletrizante, visual marcante e uma releitura ousada, a animação entrega entretenimento de qualidade e reafirma o potencial da franquia fora dos videogames.
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