Se você é fã de animes clássicos como Versailles no Bara (A Rosa de Versalhes) e ama curiosidades sobre adaptações live-action, prepare-se: Lady Oscar (1979) é uma joia rara que quase ninguém conhece, mas que tem um lugar garantido na história dos mangás e do cinema!
Sim, estamos falando do primeiro filme live-action baseado em mangá produzido fora do Japão. Isso mesmo: uma produção francesa inspirada em um dos shōjos mais icônicos de todos os tempos. Vem entender por que esse filme merece mais atenção dos fãs de anime e cultura otaku.
Uma Adaptação de Versailles no Bara, o Clássico Shōjo de Riyoko Ikeda
Se você já se emocionou com o anime Versailles no Bara (The Rose of Versailles), sabe que estamos falando de uma das obras mais revolucionárias do shōjo. Criado por Riyoko Ikeda em 1972, o mangá mistura romance, drama histórico e questões de identidade de gênero, tudo isso em plena Revolução Francesa.
A protagonista, Oscar François de Jarjayes, é uma mulher criada como homem para liderar a guarda real. Forte, elegante e cheia de dilemas internos, ela virou símbolo da luta contra os papéis de gênero impostos pela sociedade — e conquistou o coração de milhares de fãs ao redor do mundo.
Lady Oscar (1979): Quando a França Encontrou o Japão

A adaptação para o cinema teve direção do francês Jacques Demy, famoso por filmes como Os Guarda-Chuvas do Amor. A produção teve o apoio da Toho e da Daiei Studios, do Japão, com roteiro assinado por Patricia Louisianna Knop. Tudo isso sob a supervisão do lendário produtor Nagata Masaichi, que queria levar os mangás japoneses ao público ocidental.
Elenco principal:
- Catriona MacColl como Oscar François de Jarjayes
- Barry Stokes como André Grandier
- Christine Böhm como Maria Antonieta
- Mark Kingston como General Jarjayes
A britânica Catriona MacColl entrega uma Oscar com ares de nobreza e melancolia, um desempenho que conquistou alguns fãs, mesmo que a atuação sofreu críticas por parte do público japonês da época.
O Filme Veio Antes do Anime, e isso mudou tudo

Um detalhe crucial: o anime de Versailles no Bara só estreou meses depois do filme Lady Oscar, em 1979. Sem a força do anime para impulsionar a obra, o filme acabou não se beneficiando da popularidade crescente da história no Japão e em outros países.
Essa inversão na ordem de lançamento é apontada por muitos como um dos motivos pelos quais o longa teve pouca visibilidade e distribuição limitada. Faltava o “hype” do anime, algo que certamente teria ajudado o público a se conectar com a narrativa e os personagens.
Diferenças Entre o Filme e o Mangá: Faltou um Pouco de Drama?
Quem leu o mangá ou viu o anime vai notar várias diferenças. O filme Lady Oscar simplifica a história e foca mais no drama pessoal de Oscar e sua relação com André. A profundidade política e emocional do original ficou um pouco de lado, ao invés de focarem apenas em Oscar, esolhem por mostrar personagens secundários como Rosalie e Jeane, no escândalo das joias da Rainha. Apesar de ser importante historicamente, não cabe no tempo de tela, roubando assim momentos importantes da protagonista. Na nova animação da Netflix, esse “erro” não acontece, o foco fica sempre em Oscar, Antonieta, Andre e Fersen.
Mas, apesar disso, o longa mantém o espírito da personagem: uma mulher forte, que desafia as convenções e vive dividida entre o dever e o amor. O tom é mais sóbrio, com uma estética europeia que dá um charme especial à produção.
Curiosidades
- Foi o primeiro live-action baseado em mangá feito fora do Japão, um verdadeiro pioneiro!
- O filme usou locações reais, incluindo o Palácio de Versalhes.
- A autora Riyoko Ikeda aprovou o projeto, embora preferisse a versão em anime lançada no mesmo ano.
- A trilha sonora composta e assinada por Michel Legrand, um compositor premiado com Oscar e conhecido por sua parceria com Jacques Demy.
- O filme teve distribuição limitada, principalmente no Japão e em alguns países da Europa. Nunca chegou oficialmente ao Brasil.
- Por anos, Lady Oscar foi considerado uma raridade cult, sem lançamento em DVD em muitos países.
- Catriona MacColl se tornaria mais conhecida anos depois em filmes de terror italianos, como A Casa do Além.
Vale a pena assistir?
Aqui é um ponto delicado, o filme possui nota 5,8 no IMDB. chama-lo de horrível seria injusto, contudo passa longe de uma boa adaptação. Ele acerta onde a maioria dos Live Actions erra, o visual. Todo figurino, estética e cores foram muito bem respeitados aqui, da para ver que realmente quiseram produzir algo de qualidade. Assim, infelizmente o problema fica pelo roteiro bagunçado, incluindo o final, que é desastroso, diferente do anime e mangá. A prova que era possível está na nova adaptação, que possui o mesmo tempo de duração em formato de filme. Conseguindo transmitir o coração e a emoção da obra original, mesmo cortando muitos personagens e tramas da história.
O filme não possui DVD e também não está em nenhum streaming, então podemos ver apenas no youtube em inglês, de forma não oficial.
2025: A Rosa de Versalhes Renascendo na Netflix
Agora, em 2025, Versailles no Bara ganhou uma nova adaptação animada, musical e global pela Netflix, trazendo Oscar e Maria Antonieta de volta aos holofotes.
Produzido pelo estúdio MAPPA, conhecido por animes como Jujutsu Kaisen e Attack on Titan: Final Season, o filme musical aposta em uma abordagem moderna e teatral, com canções inéditas, visual estilizado e animação fluida que homenageia o traço original de Riyoko Ikeda.
A recepção foi majoritariamente positiva, com elogios à direção de arte, trilha sonora e fidelidade emocional aos personagens. Fãs novos e antigos elogiaram a forma como Oscar foi retratada com profundidade e força, resgatando a importância da personagem no cenário atual.
Nós fizemos uma review do filme, confira aqui.
Por Que Lady Oscar é Importante Para o Mundo dos animes?
Em uma época em que adaptações de mangás eram quase exclusividade do Japão, Lady Oscar mostrou que essas histórias tinham potencial para cruzar fronteiras. Mesmo com suas falhas, o filme foi visionário e abriu caminho para futuras colaborações entre o Ocidente e o Oriente.
Hoje, com Hollywood adaptando animes como One Piece, Death Note e Ghost in the Shell, vale lembrar de onde tudo começou. Lady Oscar pode não ter sido um sucesso de bilheteria, mas seu valor histórico é inegável.
Por fim, com a nova adaptção da Netflix se provando um sucesso, quem sabe podemos ter um novo Live Action de Rosa de Versalhes? Já imaginaram uma produção nos mesmos moldes de Bringerton ? Fica a dica para vocês produtores da Netflix
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