Durante anos, o gênero isekai foi o queridinho da indústria de animes. O conceito de ser transportado para um mundo paralelo cheio de magia, monstros e sistemas de RPG cativou milhões. Mas o que era novidade virou rotina — e o brilho que encantava começou a se apagar.

De Glória a Saturação: O Caso Sword Art Online

Sword Art Online isekai

Tudo começou com um impacto. Em 2012, Sword Art Online chegou quebrando tudo: animação de ponta, trilha sonora marcante e uma proposta ousada — se você morresse no jogo, morria na vida real. Foi o primeiro contato de muitos com o isekai moderno, e rapidamente virou referência. Kirito e Asuna se tornaram ícones, e SAO virou fenômeno global.

Mas com o tempo, o que era inovação virou repetição. As temporadas seguintes foram criticadas por decisões de roteiro duvidosas, excesso de protagonismo de Kirito e falta de profundidade emocional. O anime ainda tem apelo nostálgico, mas perdeu espaço no cenário atual.

Uma Enxurrada de Cópias

Após o sucesso de SAO, a indústria mergulhou de cabeça no isekai. Toda temporada trazia uma leva de novos títulos com protagonistas reencarnando em mundos mágicos, ganhando poderes absurdos e colecionando aliados (ou haréns) pelo caminho. Arifureta, Isekai Cheat Magician, Kenja no Mago e muitos outros seguiram essa fórmula genérica.

A criatividade deu lugar à repetição. O gênero virou piada entre fãs, e muitos passaram a torcer o nariz só de ouvir a palavra “isekai”.

A Comédia como Respiro

Isekai Konosuba
Imagem: Reprodução crunchyroll

No meio da tempestade de clones, algumas obras conseguiram brilhar por não se levarem a sério. Konosuba é o melhor exemplo disso: uma sátira hilária dos clichês do gênero, com personagens ridículos e situações absurdas. Ao invés de um herói invencível, temos Kazuma — preguiçoso, azarado e absolutamente comum.

Outra joia foi Tio do Outro Mundo (Isekai Ojisan), que mistura humor e nostalgia. A história gira em torno de um tio que voltou de um isekai depois de 17 anos, mas ninguém leva ele a sério. É uma desconstrução do gênero, cheia de referências e piadas sobre a própria saturação dos animes isekai e também o mundo dos games, sendo a maior referencia a SEGA.

Essas obras provaram que ainda há espaço para inovação, mesmo dentro do terreno batido.

Solo Leveling: A Nova Esperança?

Solo leveling isekai anime
Imagem: Reprodução Crunchyroll

Em 2024, Solo Leveling chegou cercado de hype. Apesar de não ser um isekai “puro”, a estética e estrutura lembram muito o gênero. Sung Jin-Woo, o protagonista, começa como o caçador mais fraco do mundo, mas logo se torna um dos seres mais poderosos.

Com animação de alto nível e cenas de ação impressionantes, o anime conquistou um bom público. No entanto, não escapou das críticas: enredo raso, personagens secundários esquecíveis e foco absoluto em um protagonista overpower. Para alguns, Solo Leveling só reciclou os mesmos problemas em um pacote mais bonito.

The Beginning After The End: O Golpe Final?

The Beginning After the End estreia 02 de abril

E então veio The Beginning After The End, apontado por muitos como o “sucessor espiritual” de Solo Leveling. A expectativa era alta — o webtoon tem uma base fiel de fãs e a história prometia ação, drama e evolução de personagem.

Mas a decepção veio rápido: animação fraca, cortes mal feitos, expressões sem vida. A produção foi tão criticada que parte do fandom começou a pedir o cancelamento do anime ainda nos primeiros episódios. O que deveria ser uma nova chama para o gênero virou exemplo de como nem mesmo o hype é capaz de sustentar um projeto sem qualidade.

O Futuro do Isekai

O isekai não acabou, mas precisa urgentemente se reinventar. O público cansou do “mais do mesmo”. Ideias novas, misturas de gêneros, ousadia e até autocrítica — como fizeram Konosuba e Tio do Outro Mundo — são os caminhos mais promissores.

A queda dos animes isekai não significa que o gênero vai desaparecer. Mas ele definitivamente perdeu o prestígio que tinha. Hoje, o que vemos é um desgaste profundo da fórmula. O público está mais exigente, e apenas mundos paralelos e espadas mágicas já não bastam.

Para voltar a brilhar, o isekai precisará se reinventar. Obras como Re:Zero, Mushoku Tensei ou Tensei Shitara Slime Datta Ken ainda mostram que é possível explorar o gênero com profundidade emocional, construção de mundo sólida e personagens complexos. O desafio é romper com a fórmula fácil e recuperar a capacidade de surpreender.

Até lá, o isekai continua caindo, não por ter deixado de existir, mas por ter deixado de inovar.

Enquanto os estúdios insistirem em repetir fórmulas, o gênero continuará em queda. A pergunta que fica é: será que ainda veremos um isekai tão impactante quanto SAO foi em seu auge? Ou o trono será ocupado por algo completamente novo?

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